O místico é um sentidor.
Sente tão completamente
Que chega a parecer dor
O êxtase que deveras sente.
Duvidam que pode ser um bem,
Não os prazeres que ele teve,
Mas só as dores que tem.
E assim, nos giros da roda
Gira, a dominar a razão,
Esse redemoinho de vida
Que é a alegria do coração.
Este poema é minha versão do poema de mesmo título, escrito por Fernando Pessoa. Eu o dedico à Sonia Reis, psicóloga de Brasília.
Aqui está a versão original do Fernando Pessoa:
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Na dor lida sentem bem,
Não as dores que ele teve,
Mas só a que ele não têm.
E assim, nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda,
Que se chama coração.
Um comentário:
Olá, Zecabatuta...
No livrinho que publiquei em 2004, ALIÁS, O LIVRO DAS SÍNDROMES, coincidentemente, também andei parafraseando o FPessoa, na sua Autobiografia:
A Mídia é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir verdade
A mentira que deveras mente
E os que ouvem o que ela diz
Na mentira dita sentem bem
Não as duas que ela disse
Mas só a que lhe convém
E assim na Mídia Eletrônica
Gira a entreter o povão
Essa galera sindrômica
Que se chama a 'Comunicação'!
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